Apr 23, 2007

Um e o tempo

Hoje dou um pequeno tempo nas postagens criativas para preencher este blog de divagações. Agradeço antes as muitas postagens sensíveis, brilhantes, solícitas e gratas que tenho recebido. Dani, Tati, Tá(s), Kah, Anne e agora o poeta Isaac, além de outros mais esporádicos, mas não orbitais, vocês são e serão sempre bem-vindos por estas linhas ébrias.

Acabo de ter a primeira reunião de um novo projeto, um longa-metragem. Veio de ímpeto e já são vinte páginas escritas. Reuni-me hoje com o possivelmente futuro diretor e co-roteirista para ele ler e acabamos por discutir algumas questões periféricas e uma ou outra questão mais central. Ele gostou bastante das idéias, do ritmo, dos argumentos, de algumas das cenas, o que fez com que eu, de cara, já ficasse também bastante mais empolgado.

Assim que ele saiu, voltei, efetuei as correções que julguei necessárias no roteiro e empolgadamente retomei a escrita por uma cena que considero estrutural para o longa: o momento em que pela primeira vez começa a aparecer algum clima entre os dois protagonistas. Daqui parte a reflexão desta postagem. Como é difícil escrever sobre o desconcerto, a palavra errada, o constrangimento, o estranho. Ainda mais difícil por estar vivendo no momento algo semelhante, com a diferença de eu estar absolutamente desconfiado de qualquer tipo de aproximação feminina. Ia tomar-me de exemplo e simplesmente realizar uma sinédoque entre o que vivo e o roteiro, contudo, minha recusa à aproximação fez com que não me pudesse usar de modelo. Então usei o brilhantismo e as colocações da misteriosa senhorita para compor minha personagem e tentei imaginar que falas eu usaria caso também começasse a despontar em mim algum interesse. Esperada e impressionantemente, as falas da protagonista ficaram muito mais convincentes do que a do sr. Moraes (nome do protagonista do filme), que sempre soavam deslocadas ou impertinentes.

No fim, só consegui um diálogo ponderado quando utilizei a misteriosa senhorita como base para as duas personagens e abdiquei do direito de posar indiretamente em minha história. Das duas uma, ou a agudeza desta senhorita (que realmente é bastante singular) é suficiente para compor razoavelmente as duas personangens, ou sou de fato uma personagem gasta e deslocada quando se trata de qualquer história de amor.

Montéquio de carteirinha, acredito nesta última! Uma terça-feira lírica a todos os poetas de alma que freqüentam este blog.

3 comments:

KahSilva said...

Oi Guto!Saudades!Tive que dar um tempo da net.Você nem mesmo disse o tema central do filme,ou ao menos o nome dele.Mas Moraes já é um começo,hehe...Depopis dê mais detalhes.Fico eu aqui coma curiosidadea aguçadissíma, quem será essa tal"senhorita"Hum, sinto cheiro de romance e dos bons...Um beijo!!!

Anonymous said...

Não sei o que aconteceu, mas só hoje apareceram os posts posteriores ao do dia 19. Andei a semana inteira sem poesia, preocupada com o silêncio do poeta, tudo isso, sabe-se lá porque.

Que bacana, Guto! Fazer um longa metragem deve dar um trabalhão, nem imagino, mas no fim das contas, é o sonho de todo roteirista, não é?
Estou num dia de pensar que ninguém é especial...
Ah, por falar em personagens femininas... Quinta tava conversando com um colega, sobre como eu não gosto da descrição das personagens femininas. O Eça, por exemplo, ao descrever ao pormenor, não deixa espaço pra imaginação, mas como nenhuma descrição é perfeita, e se chegasse perto disso, seria quase uma biografia, e as personagens ficam sem graça (se bem que haja paciência pra gostar da Luisa ou da Amélia), sem vida, sem alma. Bom, talvez essa fosse a intenção dele. Uma mulher de quem eu gosto, e uma descrição, ao meu ver, bem feita, é a Amelie. Há uma apresentação inicial, mas as partes importantes são reveladas ao longo do filme, naturalmente, quase sem querer.

Boa sorte com as suas mulheres. Deve ser bacana poder criar pessoas, assim, do nada =)

Anonymous said...

Ah, eu gosto muito desses posts-conversa/notícia de jornal. E fiquei vaidosinha por ter sido citada =)