Mar 29, 2007

Piripaques

Ontem tive meu quase primeiro piripaque (palavra bonita de Minas, sim, todas as palavras vêm de Minas; mais as mais bonitas). Além dos choques no corpo que venho sentindo há uns dez dias, ontem minha pressão baixou no meio da tarde, tive algumas tonturas, um certo alheamento e a perda de sensação consciente, mas breve... tudo no meio do trabalho. Pra quem não me conhece pessoalmente, se existe leitor neste estado, devo afirmar que pouco me preocupo nestas coisas. Minha fé é verdadeira demais para me preocupar com a morte. Decido por continuar no meu ritmo até ter um piripaque (espécie de pipa formada com uma única vareta?) verídico. Se deste resultar algo mais grave, asseguro aos mais excitados, no sentido inglês da palavra, que já encontrei um programa na internet que postará meus poemas em ordem previamente acordada. Segundo meus cálculos, vocês terão mais quinze anos de postagens. Teriam mais, se o programa permitisse a inserção de arquivos de outras pastas. Espero que se contentem com a pasta de poemas...

Deixo um de Adília Lopes especialmente para a Dani:

"Podia ser muito feliz
Se não fosse muito infeliz"
(livro: Maria Cristina Martins, 1992)

Mar 28, 2007

Velharias

Entrei novamente em uma conhecida rotina... Coisinhas para ligar, coisinhas para desligar. Por um lado, ótimo! Lá vão meus livros, minhas músicas, meus poemas, meu roteiro. Por outro, denota uma certa incapacidade pessoal em encontrar propósito (ou não haver propósitos). O tempo disponível para postagem resumiu-se a isso. Aos poucos, saudações.

Mar 23, 2007

De última hora

Em três minutos, ele veio. Posto ainda não pronto, de última hora, um poemeto de final de semana! Que o mais é sossego.

Intrínseco

tem um sofá
cá em casa
velho puído
de rasgos no estofado

mostra-se por dentro
se o afagam
violentamente
no peso dos corpos

quando pequeno
raro me falam
gostava de deitar nele
e botar a cabeça no rasgo

desde cedo tenho uma queda
por entranhas
por ter crescido
hoje já não caibo

Em busca da Terra do Nunca

Ontem novamente revi (sem redundâncias) um filme que age no meu corpo feito um soco no estômago. Diria facada, se já tivesse levado uma. "Em busca da Terra do Nunca", com atuação brilhante de Johnny Deep - embora não o ache soberbo, como muitos -, reúne grandes cenas com alto grau de lirismo. Mesmo que muitas vezes pareça "Patch Adams" versão cult, ou "Peixe Grande" sem Tim Burton, as cenas do teatro, principalmente, e as do desfecho são cenas para termos na alma em alguma parte de nosso inventário de cinema. Sempre choro quando vejo este filme e sempre vou chorar se o vir de novo, mesmo de relance, já que trata da permanência fantasiosa em que acredito e na qual tento permanecer. Não falo aqui da alienação de quem considera a realidade correta ou perfeita, mas sobre a escolha possível de tratar a seriedade dos sentimentos ruins como piadas recorrentes ao bom senso, e tratar a desimportância dos bons sentimentos como se só fosse responsabilidade de seus colaboradores expandir sua durabilidade no tempo subjetivo.

p.s. do post de ontem: é possível viver com um amor menor. Triste, sempre; em alguns casos, irremediavelmente triste, mas possível. Espero...

p.s.2: Leiam Adília Lopes!

Mar 22, 2007

Retiro o que disse

Há alguns dias postei sobre um suposto panorama configurado por Gabriel García Márquez em "O amor nos tempos do cólera", a temática da morte. Apesar dos meus eufemismos, tendia a acreditar que era este seu verdadeiro assunto e a história do romance servia-lhe como um despiste. Visão mais míope, impossível! Ao finalizar o livro, assim como a clara percepção do amor que se revela de súbito, percebi novamente que o livro do autor colombiano versa verdadeiramente sobre a improvável sensação - que por sorte desperta em alguns de nossos seres, uma vez na vida - a ter a convicção de ser capaz de permanecer toda a vida num navio, em rota única, para perdurar a convivência do amor pleno. Já tive esta vontade, já vivi esse amor. Hoje me resta a vontade do navio, desacompanhado, de preferência. A solidão facilita a lembrança, que no espírito de um escritor de talento, pode se comprovar tão real quanto o irrecuperável. Em mim perpetua-se palidamente, o que basta.

Mar 21, 2007

A essência da poesia

Acabei ontem de ler um livro brilhante, que recomendo, aliás, "A essência da poesia", de T. S. El(l)iot - já vi com as duas grafias. Além de analisar diversas obras canônicas da literatura universal, disserta competentemente sobre o ato de criação em si, suas nuances, sua inescapabilidade. Diz que o poema bem feito, o único que pode ser chamado de poema, versa sobre algo de maneira tão capaz que ocupa um lugar único no espaço e, por tal razão, é insubstituível. Também não pode nunca ser traduzido de maneira completa nem mesmo explicado em sua totalidade. De posse deste arcabouço, adequado ou não, empetrei a leitura de alguns poemas e, realmente, foram raros os que se encaixaram nesssa definição. Resta saber da veracidade deste método de análise e classificação. Resta saber...

Mar 19, 2007

Os panos de fundo de Márquez

Já falei em vez anterior da grande importância de Úrsula para a trama de "Cem anos de solidão", embora o autor prestidigitadamente iluda o leitor tratando em foco da vida dos homens da família. Também agora é trazido em sua trama um tema ilustre, paralelo ao grande amor ministrado por Florentino Ariza à Fermina Daza. Obviamente impressionam os cinqüenta anos, nove meses e quatro dias que ficou o Diretor Geral da CFC à espera da inevitável viúva do Dr. Juvenal Urbino, contudo, este livro trata mesmo é da morte, de seus efeitos e do que os humanos, em nome de matéria tão abstrata quanto o amor, são capazes de sacrificar. Florentino Ariza sacrifica tanto de sua vida, e das páginas de leituras do romance, que o leitor passa a se questionar qual a validade de sua dedicação. Mormente porque a jovem filha do traficante refugiado não dá qualquer indício de ser uma mulher valorosa, pelo contrário, raras vezes demonstra apreço a seu prometido, senão por carta, e demonstra-se continuamente manipuladora das paixões do dito homem. Mas quem mesmo se apaixona a não ser por amantes cruéis? Só se apaixonam pelos dedicados as pessoas que não gostam de surpresa, que temem a paixão fogo seco da surpresa, incontrolavelmente incendiária! Desde o título, "O amor nos tempos do cólero", trata mesmo é da morte, da morte concentrada que os homens experimentam nas escolhas! Talvez clareie mais a razão daqueles ques postergam as escolhas, mesmo que , com isso, se aproximem conscientemente da morte.

p.s.: Falo disso também em virtude da postagem de uma amiga (posso chamá-la assim?) que brilhantemente escreveu amáveis epitáfios. Aos que querem encontrar grande qualidade de escrita, sempre, o link do blog se encontra ao lado direto ("A Hora do Culto").

Mar 15, 2007

Cansaço

Uma novidade. Homens adultos também podem ter novidades, por mais que se forcem a não tê-las. Um novo tipo de cansaço. Com o livro já em andamento e também as gravações, ainda produzindo com nunca, arte cada vez mais íntima, abstrata e (posso?) competente - por isso, distante do que se "fabrica" -, sinto-me como se já não houvessa nada o que fazer. E, por mais que houvesse, e há, na verdade estou me distanciando da aceitação e da possiblidade de viver de arte. Poemas concetrados, como o que postarei abaixo, e músicas, muitas vezes finíssimas ou estrondosas, possuem cada vez menos adeptos. E até os que se dizem adeptos revelam-se, após algum tempo, inaptos para apreciação. Hoje ser inteligente é somente um lugar privilegiado das relações sociais, por isso, as pessoas que podem fingir os ocupam vorazmente e ao custo necessário. Dois poemas me envolvem o espírito desde cedo, não tenho a mínima vontade de esforçar-me em escrevê-los justamente pela falta de utilidade que eles possuem em si mesmos. Devemos criar algo que se revelará inútil quando tiver auto consciência? Questão antiga, bíblica até. Nunca havia tido essa sensação de inércia antes, eis a novidade. A arte sempre fora indelével e incontrolável, furiosa e consoladora, o único artifício para o qual conscientemente perdia o controle. Talvez toda essa besteira seja só para a morte perder peso. Talvez seja a forma precisa para se estar pronto. Espero o dia seguinte trazer a brisa criativa da vida. Os olhos abertos ao engano da criação.

Espectro

na casa da gente não tem fantasma
que não mente

p.s.: Divirtam-se!

Mar 13, 2007

Meu total descompasso

Acordo sem alarme mecânico às 6h30, mesmo tendo dormido às duas da manhã. Tomo café, escrevo, flui melhor antes da overdose jornalística na sensibilidade, tomada logo em seguida. Aprecio descompromissadamente "Cem anos de solidão", perco-me um pouco, reconheço-me um pouco nestas desventuras amorosas. Escrevo um conto, "começo um conto" seria melhor, por estar ele (nós?) ainda em fase de estrutura. Assalta-me um sono absurdo, de cérebro, sem escapatórias. Durmo até as dez, toco violão, só as clássicas, sigo para o trabalho. De carro, antes do serviço obtuso, minha cabeça segue refazendo alguns arranjos de MpB4 (não, nunca estudei música de verdade). Canto com eles melodias alternativas a algumas das que cosidero as grandes músicas, adiciono instrumentos, retiro outros, mudo letras do Chico (santa heresia), desloco-as no compasso. Assim que saio do trabalho, o resultado é quase instantâneo: um sambinha pronto, coloquial, de duas estrofes, bem à Noel Rosa (guardadas todas as diferenças de talento). Chego em casa, coloco o samba no papel, toco música pop no violão, leio revistas e daqui a pouco hei de me virar com "A essência da poesia" e erigir mais um bocado do musical em que trabalho viciadamente, graças a algumas canecas de café sem açúcar da mamãe.

É tudo como se o mundo passasse em paralelo... Também por isso, sinto-me inútil como um alumiador, uma caneta-tinteiro, um tipógrafo, um mimeógrafo, um escafandro, um dirigível. Partir-me ou partir, importa pouco. Fico pensando se estes objetos, mesmo que vagamente, também tinham noção de sua rotina caminhando para o descompasso.

Nos tempos da fome


Em tempo não muito remoto, éramos capazes de comer poesia. Não havia este ar abstrato, sectarista, isso de existir em parte, de ninguém ver. Poesia era prato principal que se comia aos sábados, sem qualquer espécie de glamour (os mais novos com as mãos) e mais valia o ensejo de reunir a família em torno dos assuntos passados do que aquela iguaria roxa, doce, que prendia a boca, servida dentro de um copo com colher. Em tempo não muito remoto, mais do que sustentar o corpo até o retorno da fome, a poesia digerida tão despretensiosamente fazia com que todos vissem mais graça nas coisas que não eram poesia. Talvez por ser de leve digestão, talvez por motivos mágicos (explicados somente de estômago cheio) - nunca se há de saber -, ao andarmos todos tão freqüentmente digerindo a poesia, portávamos naturalmente uma vontade a mais em viver, uma certa ânsia incontrolável em comer de novo alguma coisa.

Mar 12, 2007

O conto de hoje cedo

São Paulo, 12 de março de 2007

Aclamação Pública de Notoriedade

Com o poder público a mim investido, além do poder investido a todo homem no exercício da Justiça, venho, por meio desta, conceder o certificado Amorim Prestes de reconhecimento aos serviços públicos prestados pelo Centro Emergencial de Saúde Maria Madalena, não somente na região do Santo Amaro e adjacências, mas também em todo o município de São Paulo.
Dia e noite, ininterruptamente, tem se dedicado ao extermínio competente das chagas da população paulistana e, quando não se verifica possível, ao abrandamento de suas dores. Por orientação de sua decana coordenadora, excelentíssima doutora Martha Sueli Velásquez, tem atendido com presteza e esforço redobrados aos marginalizados e párias desta cidade, por saber que quanto mais se é expropriado dos prazeres cotidianos da vida, mais se tem necessidade do auxílio de instituições como o CESMM. Destarte, um incontável número de desfavorecidos, indigentes, ex-assalariados, alcoólatras, viciados, autônomos, homens públicos em desgraça, militares da reserva e políticos impedidos de exercer seus direitos públicos encontraram em suas instalações o alento necessário para prosseguirem a luta ordinária e cotidiana da sobrevivência.
Como se não bastasse o sacrifício do trabalho incessante, que traz à memória a personagem ilustre que nomeou o CESMM em sua honra e altruísmo, algumas almas rancorosas e insensíveis se levantaram em calúnia na afirmação de que se deveria suspeitar de ambulatório em que só trabalhassem senhoras e moças. Os braços e pernas do CESMM, em sua inquietude sensível pelo acalanto, não cessaram, contudo, uma noite sequer em virtude das acusações infundadas. Prudentemente consideraram a contínua marginalidade do discurso em relação ao que é e ao que deve ser feito e, assim, não desampararam quaisquer dos pacientes que ali precisaram de auxílio, abrigo ou orientação esclarecedora.
Certo de já ter apontado argumentos suficientes para a concessão do laurel de Urbe Maximus ao CESMM, apesar dos muitos outros existentes, sendo que até eu mesmo me resguardei em seus cuidados quando foi preciso, convido toda a população paulistana ao reconhecimento e ovação justos a órgão prestador de tal vultuosidade prática.

Laurindo Pena, subsecretário de Interiores da Cidade de São Paulo

Mar 11, 2007

Eu vou

Amanhã tenho meu primeiro compromisso como autor, a presença física em um lançamento da editora pela qual vou publicar num barzinho aqui em Sampa. É absolutamente estranha essa "exigência", sobretudo e especificamente para mim. Minha presença está entre as surpresas mais desagradáveis que pode ter um cidadão saudável. Além de minha reconhecida desarmonia física, sou do tipo que insere comentários desagradáveis, levanta questionamentos impertinentes, identifica as feridas com a facilidade de um plantonista e, assim como ele, pressiona com os dedos árduos para, de certa forma, lembrar que a dor é parte composicional importante de uma vida alienada. Ademais, de algumas semanas pra cá, meu estado de espírito beira a misogenia absoluta. Definitivamente estou desapto a fazer amigos ou conquistar quem quer que seja, de maneira a no futuro desfrutar da agradabilidade de boas relações. Se não acreditasse que minha presença fosse tão sem importância, nem mesmo iria, por ainda me restar um espírito justo o bastante para não destemperar o lançamento de livro alheio. Com o corpo no estribo, o coração em casa e o espírito constantemente em lampejos; eu vou.

p.s.: agradecimentos a uma nova postagem feita por amigos em seu blog "Presença" de um dos meus poemas: "Noivos". Para quem quiser espiar, o link se encontra ao lado direito.

Mar 9, 2007

Os problemas do excesso

Os mais íntimos já sabem de minha atual intempérie, meu frenesi orgasmático de composição artística. Poemas, contos, músicas, roteiros, tudo tem me trespassado átima e violentamente. Sem descanso. Ótimo sempre pelo que me usam. Ruim pelo desamparo em que me tenho. E ainda é claro, como sempre tem sido desde meus tenros anos, que o problema do artista é o do excesso. Enquanto para os outros (nada pessoal) um momento por dia do fabuloso já tem de ser celebrado, o artista não sabe como (e se deve) conter a enxurrada de estímulos poéticos que o invadem e acaba invariavelmente por julgar ter dito menos do que era pra ser dito. Esse paradoxo é o ápice do encantador. O mundo lírico eternamente oculto como o oásis atrás da miragem, sendo que os outros são viajantes com forças somente para alguns poucos passos, embora não estejam certos da morte por ignorância. Fica um conto.

Déja vu

Quem poderia imaginar que a solução tão buscada para seus anseios se revelaria de forma tão simples? Fez economia por trinta e quatro meses, acertou os detalhes para que os outros pouco sentissem a sua falta e comprou um discreto, mas eficiente, veleiro. Dentro dele, depois de esperadas tormentas de viagem, com a ajuda das estrelas e de um senso navegante apreendido e inato, estagnou-se a poucos metros da Linha Internacional de Mudança de Data. Como a Terra segue de leste para o oeste, indefinidamente, até que provem o contrário, uma vez ao dia, desprende a âncora e manobra seu barquinho pelo vento dentre a região limítrofe e em direção oposta, permanecendo, assim, sempre, no mesmo dia. Em algumas semanas, notou não se sentir mais entediado. Em alguns anos, sua aparência em nada envelheceu, além do esperado pela extenuante vida de marujo. Pesca várias vezes ao dia para hidratar-se e matar a fome. Deixa o barco a nado por alguns quilômetros quando o dia se mostra mais quente. Achara a eternidade no ermo, na incapacidade de deixar de se fazer completo em cada instante. No soslaio de parcos viajantes, fez-se imóvel e eternamente em trânsito, diluiu-se no espaço e no tempo como paisagem.

Mar 8, 2007

Dejetos de leitura

Ler Manuel Bandeira me dá umas coisas... Um das coisas foi essa:

Aurea mediocritas

um flamingo
altivo
das quinas brancas da orla
o esgoto
manso manso
derramando suas águas de arrio
uma menina
de caderno rosa
se espiando de olhos estalados
e ainda tinha aquela
borboletinha
rodeando no ar como um presságio

p.s.1: mais uma vez reclamo da incapacidade de postar o poema em sua forma original, o que no caso dos meus versos multiplica bastante as nuances e possibilidades de sentido;
p.s.2: assinei ontem o contrato, publico em junho pela 7Letras do Rio mais um livro de poesia;
p.s.3: tá bom, tá bom, não reclamo mais dos leitores que visitam, mas não comentam... agora descomentar já é triste demais, vai... (quando é brincadeira precisa-se dizer que é brincadeira? sim? então, "é brincadeira". Comentem, não comentem e descomentem à vontade.).

Mar 5, 2007

Gangorra

Vi no blog de uma amiga algo muito próximo dos três primeiros versos. Nem sei se são versos e se são dela (Tati, se ainda tiver lendo este blog, pronuncie-se). Passei da fase de ter dedos em apropriar-me de versos alheios, o que entra em consonância perfeita com minhas postagens recentes sobre plágio. Bonita, sendo seu, nosso primeiro poema conjunto.

Gangorra

eles sentados
ela pra cima
ele pra baixo
depois gangorram
altos baixos altos
até perderem
se pela mão do espaço

p.s.: o dia começa camposiano!

Mar 4, 2007

Dias de amenidades

Passei um final de semana de amenidades, com amigos de longa data, talvez de outros tempos, se amizade for de cunho crônico. Serviu-me imensamente para ter certeza de que estou errado em dedicar todo o meu dia às minhas produções e também para perceber que sou absolutamente incapaz de reverter esta prática. Tomar cerveja, sair pra dançar, conversas agradáveis, tudo isto serve como anestésico da realidade inefável que assalta os olhos mais sensíveis. Tenho me aventurado por tantas áreas e tão complexas (certamente em fuga de algo, de um quando), entretanto, que nunca me resta tempo para estas amenidades. Trago esta noite de domingo presa à pele por culpa e por cansaço. Ainda hoje subo na cruz da arte...

Curiosidade: descobri num poema maduro de Manuel Bandeira dois versos que utilizei na publicação de meu primeiro livro, quando tinha 15 anos. Na biblioteca de meus pais não há nenhum livro de Bandeira. Espero ter sido agraciado por outras adultos com estes versos. Se não, oscilo entre a dádiva de ter escrito pouco feito ele e a desgraça de ser tipicamente um autor de plágios.

Mar 1, 2007

Sucinto

É triste e reconfortante ser Florentino Ariza!