Apr 30, 2010

"aprender a viver"

Acho "viver" muito vasto e "aprender" muito polêmico para que a expressão "aprender a viver" tenha algum sentido. Ficam só mesmo o sentido retórico, para bares de companhia ruim, e o sentido financeiro, para os autores das centenas de livro sobre o tema. Por ambos não me interesso.

Digo, entretanto, que talvez isso de colecionar segundos tenha feito alguma coisa ao que tendo a chamar de eu (quando me falo). Se estou aprendendo, duvido, mudo por condição. Se viver é, assim, nessas mudanças, talvez esteja vivendo. Viver é inevitável!

Um dia pretendo me ver nos muitos tempos a que chamei de presente, pelo parapeito da memória, e talvez reconheça que mudei. Tomara! Talvez reconheça que não, que ainda sou a parte de dentro do útero recebendo a vingança de outros já nascidos. Que desde lá recebo o carinho dos pais e das vítimas de outros pais para que eu me esqueça do trauma e pense estar aprendendo. Que um dia me veja crescido, e reporduza.

Viver? Terei vivido. Mas sem aprender nada.

Apr 26, 2010

nova casa

Salve, meus caros!

Escrevo para informar de uma nova casa onde vou escrever a cada dia 27, portanto, amanhã começo. Maná Zinabre! Casa de uma galera sempre muito antenada, tanto com a necessidade de experimentar esteticamente o gênero a que se aplicam, quanto com importância social do artista em seu entorno. É uma honra poder dividir espaço com tanta alma! Vale aquela conferida, eu acho. Grande abraço!

p.s.: meu livro finalmente chegou! Gostei muito do resultado! Possíveis datas de lançamento: Campinas (08/06) e Porto Alegre (25/06). Todos sempre bem-vindos, sempre!

Apr 19, 2010

Entre prazeres e dores

Ainda no aguardo do livro, minha vida tem se atolado de muitos pequenos prazeres. Vê-los assim reunidos pelas horas de que disponho, até parece que viram aquilo que não propunham. As forças mais agradáveis, o amor inofensivo, sair pra viver à noite, a leitura de um bom livro, tudo são quinas e cacos. Poderia ser pior, prazeres de que não vivo. Concordo (a contragosto). Mas ontem fiquei zonzo pela primeira vez em muito por conta de tanto trabalho que talvez pagarão as contas, talvez irão pelo ralo. Com o perdão da imagem, quando as cidades se forem, encontrarão nos esgotos prazeres de muita gente e, talvez, algumas dores.

Apr 15, 2010

Chegando...



Hoje a editora em falou que meu novo livro acaba de partir do Rio de Janeiro e no começo da semana que vem o terei em mãos. Não sei se é motivo para festa - há uma dor estranha na alegria de se publicar um livro -, mas, pelo senso comum, comemoro postando mais um dos poemas que o compõem. Este, aliás, é bastante antigo, comecei-o há uns três anos. Palavra aqui, palavra ali, ele foi mudando até chegar a esta versão difinitiva (por enquanto).

Apr 13, 2010

Da tristeza poética

Achei hoje uma resposta que eu procurava há muito tempo! Lá estava eu lendo a Teoria do Romance e (aspas fajutas): "a epopeia é uma época em que a expectativa da ação e a ação coincidem, sem muito espaço para a filosofia, que versaria sobre a diferença entre a ação e o desejo". Cá na minha cabeça, do mesmo bazar das aspas, vale o mesmo pra poesia. Poeta feliz não escreve, vai ao shopping. Poeta feliz não reflete, puxa o brinde. E não estou dizendo ficar em casa, tomando alguma coisa, ouvindo coisa pior. Isso é a valorização da própria tristeza, o que consegue ser ainda mais deprimente da perspectiva dos outros (embora pro próprio "poeta" soe um tanto vazio). Digo sobre ter sempre sujeira nos óculos, De olhar para a tristeza pela face neutra ou triste. Da se compadecer dos outros, de sentir. Nessa tristeza se vive e dela se fazem poetas.

p.s.1: hoje conheci um anjo!

p.s.2: tem novidades e livros de presente lá no Trombone, apareçam!

Apr 9, 2010

Academia

Nossos universos, aqui costumeiros, não cósmicos, são povoados por milhares de coisas simples todos os dias. Meu auto-engano de ser artista sempre relegou o que não é arte a um segundo plano. Os anos, contudo, vêm trazendo de volta parte desses prazeres que eu antes tratava com despeito. Um deles certamente é a discussão acadêmica. Almocei com três mestres hoje e depois me reuni com mestrandos para discussões sobre Auerbach e Moretti. Mais do que nas leituras e interpretações, o verdadeiro prazer do exercício intelectual reside no desvendar do raciocício no momento da discussão. O insight. A mudança de rumo. As muitas hipóteses propostas e descartadas. Às vezes sobra um fiapo, que depois será seguido, com bibliografia e esforço, para torná-lo temporariamente evidente aos outros. Quem me dera todo meio acadêmico pelos quais já passei na vida fossem assim! Quem me dera meu atual meio acadêmico (aqui e em congressos em outros lugares) fosse assim todo o tempo!

Apr 8, 2010

Cuidado

Venho falar de força e de cuidado.

Sem querer voltar à égide da temperança, está cada vez mais claro para mim que exagerar na força, sobretudo os fortes, é extremamente perigoso. Acompanho alguns "formadores de opinião" no Twitter e é impressionante como as pessoas conseguem ser categóricas com facilidade. Não muito desastroso em opiniões mais óbvias, mas devastador no que tange a casos controversos. Há certa loucura em todas as cruzadas.

Vou falar por versos, que talvez fale melhor.


(poema do livro "zero um" que sai no fim deste mês pela 7 Letras)