Mar 22, 2007

Retiro o que disse

Há alguns dias postei sobre um suposto panorama configurado por Gabriel García Márquez em "O amor nos tempos do cólera", a temática da morte. Apesar dos meus eufemismos, tendia a acreditar que era este seu verdadeiro assunto e a história do romance servia-lhe como um despiste. Visão mais míope, impossível! Ao finalizar o livro, assim como a clara percepção do amor que se revela de súbito, percebi novamente que o livro do autor colombiano versa verdadeiramente sobre a improvável sensação - que por sorte desperta em alguns de nossos seres, uma vez na vida - a ter a convicção de ser capaz de permanecer toda a vida num navio, em rota única, para perdurar a convivência do amor pleno. Já tive esta vontade, já vivi esse amor. Hoje me resta a vontade do navio, desacompanhado, de preferência. A solidão facilita a lembrança, que no espírito de um escritor de talento, pode se comprovar tão real quanto o irrecuperável. Em mim perpetua-se palidamente, o que basta.

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