Mar 19, 2007

Os panos de fundo de Márquez

Já falei em vez anterior da grande importância de Úrsula para a trama de "Cem anos de solidão", embora o autor prestidigitadamente iluda o leitor tratando em foco da vida dos homens da família. Também agora é trazido em sua trama um tema ilustre, paralelo ao grande amor ministrado por Florentino Ariza à Fermina Daza. Obviamente impressionam os cinqüenta anos, nove meses e quatro dias que ficou o Diretor Geral da CFC à espera da inevitável viúva do Dr. Juvenal Urbino, contudo, este livro trata mesmo é da morte, de seus efeitos e do que os humanos, em nome de matéria tão abstrata quanto o amor, são capazes de sacrificar. Florentino Ariza sacrifica tanto de sua vida, e das páginas de leituras do romance, que o leitor passa a se questionar qual a validade de sua dedicação. Mormente porque a jovem filha do traficante refugiado não dá qualquer indício de ser uma mulher valorosa, pelo contrário, raras vezes demonstra apreço a seu prometido, senão por carta, e demonstra-se continuamente manipuladora das paixões do dito homem. Mas quem mesmo se apaixona a não ser por amantes cruéis? Só se apaixonam pelos dedicados as pessoas que não gostam de surpresa, que temem a paixão fogo seco da surpresa, incontrolavelmente incendiária! Desde o título, "O amor nos tempos do cólero", trata mesmo é da morte, da morte concentrada que os homens experimentam nas escolhas! Talvez clareie mais a razão daqueles ques postergam as escolhas, mesmo que , com isso, se aproximem conscientemente da morte.

p.s.: Falo disso também em virtude da postagem de uma amiga (posso chamá-la assim?) que brilhantemente escreveu amáveis epitáfios. Aos que querem encontrar grande qualidade de escrita, sempre, o link do blog se encontra ao lado direto ("A Hora do Culto").

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