Nov 30, 2006

Do avesso

Minha cidade desaparece quando chove, para ressurgir-se do avesso. Debaixo de milhões de gotículas, mínimas, a cidade reverbera seus problemas habituais, sua inquietude, suas grosserias de esquinas, sua torrente de ódio. Certamente para o poeta, imerso, literalmente, neste panorama, os dias de chuva em minha cidade são lancetadas contínuas no centro da alma. Ainda bem que o poeta para si guarda laudéis e escudos. Uma solidão partilhada de um amor máximo (viva Garcia Marquez!), um monte de amigos leais (viva Victor Hugo!) e minha arte. Tais proteções são como guarda-chuvas de aço contra a cidade violenta. Tais proteções fazem com que não chova tanto abaixo do resguardo e bloqueie parcialmente meus olhos para as explosões de água, suor e sangue. Após uma noite inquieto, sinto-me bem e pronto para completar as lacunas com poesia.

3 comments:

Kai Alkor said...

só pra voce saber que eu acompanho esse diário. (in)Quieto aqui no meu canto. Tiro algumas inspirações e o que é mais importante: me orgulho.
Eu acredito na substancialidade das palavras.
Eu acredito tambem em cápsulas. (disso queria conversar outra hora, talvez compartilhar conhecimentos)
Eu acredito tambem no cinema e no mundo como propósito pra tudo isso que passamos nessa vida. (ou nao).
Um grande abraço!
Ivan

Anonymous said...

necessario verificar:)

Anonymous said...

intiresno muito, obrigado