Nov 22, 2006

É preciso ler os gregos


Alguns parcos leitores de meus excertos criticaram explosivamente meu posicionamento acerca da substancialidade das palavras, uns disseram que as vêem como "míseros ornamentos", outros, como "única ponte para se acessar o real" (um ou uma, não digo, em específico, acusou-me de não acreditar em namoros... peço aos demais a licensa de desconsiderar sumariamente este comentário). Pois bem, opiniões tão diferentes só corroboram minha opinião de que os dois extremos são igualmente defensáveis e, por meio desta tópica, mais precisamente, tópica do uso do argumento do outro ("Retórica", Aristóteles), dou por encerrada a questão... De qualquer forma, agradeço a todos os comentários e muito me felicito por serem minimamente indícios de vida, de espírito em chama, como diriam os clássicos, mas peço que doravante sejam postados no blog e não enviados ao meu e-mail pessoal. Como vivo deste blog e a ausência de leitores pode me trazer problemas de ordem argento-prática, em silêncio, adulo vocês postando um conto, também das antigas, que considero em aberto. Encorajo a todos, portanto, a sugerir alterações, complementos, cortes e afins, além dos sempre bem-vindos comentários e críticas.


Quando se morre

Dentre ocasiões inevitáveis (isso, obviamente, sem considerarmos o fato de que toda ocasião adquire o estatuto de inevitável, se remetida e a uma perspectiva contínua e relativística do tempo), a morte talvez ocupe a posição de maior destaque no intelecto humano. Por isso ou para isso, quando se morre, após um tempo considerável de vazio pré-criativo, começa-se novamente a tecer o mundo em que o corpo irá se enganar pelos sentidos durante um tempo determinado e que varia de vez para vez.
Por saber-se onipotente na trama engendrada a que se submete, e depende, o espírito humano arquitetou mecanismos que o impedem de morrer ao sinal de qualquer situação adversa (o que certamente seria uma saída preferível, mas pouco engrandecedora). Dois deles fabulosamente se revelaram imprescindíveis para a perpetuação da vida: a impossibilidade de saber quantas vezes já se deu o processo e a incapacidade de se descobrir qual das pessoas imagina tudo, enquanto o resto lhe serve de meio para entreter-se. Na pretensão e no eterno dorme o demiurgo.


Finalizo comentando que a capital do Brasil amanheceu com sua típica manhã de início de verão. Calor ao sol, frio dentro das casas, gélidos apartamentos, em parte, metáfora de alma. Também gostaria de indicar um site de poesia independente, o Presença (www.blogpresenca.blogspot.com), onde foi postada uma poesia minha nos últimos dias. Vamos todos expandir, expandir... Vale a visita, senhoras e senhores.

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