May 13, 2008

Pêndulo

Na Folha deste domingo, o professor Coli - aliás, um dos grandes e lúcidos intelectuais contemporâneos - cita Maria Bonomi: "a arte tem que alcançar o maior número possível de pessoas". Parece simples, e talvez o seja, mas é possível identificar facilmente como marca de nossos tempos a aversão mútua entre "arte" e "público", e, ainda mais drástica, entre "arte" e "popular". Até somos capazes de encontrar iniciativas do poder público no sentido de disponibilizar arte a quem quer que se interesse (Virada cultural, editais etc.), contudo, na comparação com as demais esferas de atuação de uma política pública, certamente trata-se as iniciativas em cultura são por demais tímidas e carentes de implementos. Já os conceitos do que seja "artístico" e "popular", pelo menos nos últimos 30 anos, têm se afastado tanto, e tão irreconciliavelmente, que não é absurdo afirmarmos hoje que são conceitos excludentes. Fomos tão falhos em nossas políticas educacionais, pensando este termo de maneira vasta, que aquilo que identificamos como popular jamais será reconhecido por nós como artístico. Por outro lado, ou pelo mesmo, tudo que vem sendo chamado de arte, necessariamente é constituído na dificuldade de entendimento da maioria, mesmo sabendo que a arte se destaca, muitas vezes, rompe estas barreiras ao comunicar pelo sensível. Complexo o panorama? Não, abarrotado de fenômenos e detalhes, sim, mas ainda inteligível. Complexo se torna se aventarmos a influência deste quadro no momento de criação da obra arte, quando o artista, ante o vazio, decide transformar o que há em outro.

No comments: