Feb 1, 2010

novo livro

Tá chegando um novo livro por aí, zero um, em abril, pela 7 Letras. Nesta semana estive revisando o original, daí me veio aquela vontade de postar um dos poemas aqui.

Como me disse um leitor em que confio muito, e repasso as impressões pra tentar escapar de cabotinimso, em parte são os mesmo procedimento do livro anterior (poemas lançados fora), mas agora mais apurados e, aparentemente, com menos erros. Espero que ele esteja certo!

Chega de defender o réu. Em efeito, às avessas. Todo livro de poemas é culpado até que prove o contrário, ou do contrário (?). Segue um dos poemas, culpabilíssimo!

mancebo

quando me prendem o braço
nos arrabaldes de minas

quando perguntam sempre
da saúde dos menores
mulheres são fotos ovais
de generais na parede

quando a varanda se enche
de tios fumando truco
e gritos chamam os homens
pelas travessas quentes

quando as saias dão cor
ao assoalho de tacos
evangélicas e retas
toldos para os olhos baixos

canso quando conferem
nos ombros nos antebraços
quando disputam comigo
espaços que são das coisas
canso de não ser coisa

os andares de madeira
os moldes preservados
os tabacos de azulejo
o cansaço

talvez haja certo cansaço
reservado a cada coisa

1 comment:

Everton Behenck said...

certo cansaço e certa solidão parceiro!
uma beleza

bração