Feb 4, 2010

O gênio e o idiota

Sempre me condenam quando digo que o tempo não tem feito bem para os homens.

Normalmente contra-argumentam de duas formas. Em primeiro lugar, porque há boas razões para achar que hoje vivemos em um tempo melhor do que nunca. Em segundo, porque parece não haver possibilidade de medir tempos ou homens melhores uns do que os outros.

Tentando não ser chato, vou esmiuçar brevemente o argumento.

A multidão iguala o gênio e o idiota. Há cem anos, talvez menos, vivemos na era das multidões, de onde é difícil, sendo gênio ou idiota, dizer "eu" sem numerosa oposição.

Embora já tenha havido algumas catástrofes por gênios execráveis (catástrofe é eufemismo), teoricamente é mais fácil cercear um único gênio do que uma multidão de idiotas. Sobretudo a partir do ponto em que a multidão de idiotas passou a legitimar-se discursivamente.

Como ser gênio exige mais sacrifício do que ser idiota, o número de idiotas tem aumentado e estes só se sentem seguros em meio às multidões.

Percebem aonde não quero chegar?

Absolutamente todos os dias eu me enraiveço com algum idiota ilustre na televisão.

p.s.: por motivos óbvios, dispenso citar a multidão de gênios que já comentaram algo parecido.

1 comment:

Renata Penzani said...

as multidões diluem os gênios, os idiotas, as gradações entre eles e até mesmo as impressões que poderíamos ter dos três. sabe como é?

gostei daqui!

beijos.