Como alguns sabem, há oito meses mudei-me para Porto Alegre, para dar uma ajuda pra minha mãe num momento complicado. A pior parte deste processo, certamente, foi perder a chance de um amor e a companhia dos meus amigos. Se pensarmos bem, artistas de alma são meio atemporais, acidentalmente vivos e despertos, criando incessantemente à espera de que faça o máximo possível de sua arte antes de morrer ou se tornar célebre. Exageros à parte, a chance do amor, como todo amor entre homem e mulher (e variações), foi esfriando com o tempo e zut!, acontece, como dizia o mestre Cartola. Dos meus amigos, entretanto, a falta se transformou numa pedra de praia, cercada pela areia, e da qual só sabemos ser antiga e irremovível. Passei meses com este tema rondando os meus versos, escapando com graça da minha poesia, ou melhor, comigo o rondando, escorando-me, dele desenhando com as pálbebras a linha azul distina do que vai haver. Semana passada, assim que me deitei, vieram exatamente estes versos que se seguem, única tradução que posso dar para amizade, ou pelo menos para a minha.
a flor de gelo
féretro é uma palavra com um cheiro frio
nenhum dos meus amigos está morto
quando os vejo sofro de saudades
Oct 22, 2008
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5 comments:
fotos são ótimas pontes de saudade concreta
Sementeira de saudades
sementeira é uma porta com um cheiro verde
todos os meus amigos e amores estão nascendo
a porta está sempre aberta - em brotos
Como diz o Millor, livre pensar é só pensar...
Bela flor gelada!
bj, f
Obrigado, caríssimas, por multiplicarem teus poemas neste espaço! Nada é melhor do que isso! Muitos, muitos versos na semana!
meu dedinho pelo amor!
oi Tá, se der, pechincha mais um por amigo aqui, viu! =)
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