Feb 28, 2007

A contragosto

Nem ia postar no dia de hoje, mas duas pessoas comentaram via msn a respeito de postangens anteriores, então resolvi escrever mais alguns desvarios que me tem assaltado recentemente, algo como enxagüe. Dois, pra ser exato. O primeiro diz respeito ao senhor Bandeira, de quem certa vez emprestei um verso, expondo a citação noutra estrofe, pura traquinagem em "A casa dos desprovidos". Bem, tenho me abismado graciosamente com a forma falsamente ingênua com que este poeta maravilhoso traça suas linhas. Continuo de posse da opinião que não temos grandes poetas brasileiros, mas realmente há certa qualidade intrínseca nos versos de Bandeira que cravam na alma um desconfio e demonstram um grande apuro lírico e, de certa forma, uma antecipação do desprendimento beatnick. A segunda reflexão é a tendência mimética para a qual parece retornar parte da nossa arte. Talvez a nossa arte mais imediatista, portanto, menor. Concordo com o senhor Coelho na coluna de hoje da Folha ao se referir à tendência do Oscar em premiar atores que representem personagens reais (históricos? rs...), mas amplio esta discussão a todo universo artístico que tenho acompanhado. Talvez a proliferação de imagens absurdas cotidianamente tenha nos distanciado de tal forma do real que esteja ocasionando a necessidade nas pessoas de reaver o que está perdido através da obra da arte. Afora o fato de que o mimético, salvo, provavelmente, o clássico, tende a trazer resultados mais urgentes. Não sei se me fiz claro, nem se o pretendia. Vai como vier!

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