Mar 10, 2008

Primeira postagem em Poa

Não me permito opinar já sobre esta viagem, é cedo demais e certamente cometeria precipitações generosas, rigorosas ou ambas. Uma descoberta é a razão desse apelido "Poa" tão inusitado: a abreviatura da cidade para as companhias aéreas. Talvez porque de avião seja a única forma de se chegar aqui... Fica um poema duro, de lirismo, feitura e leitura.

A medida do caminho

na casa imensa há vastos corredores
em todos eles rostos se insinuam
se inclino o corpo curioso sobre eles
vão-se deixando pêlos olhos fios

ora a tinta das paredes se transforma
ora altera-se o rosto que a existe
a ponto de não mais saber se volto
ou se sigo como antes para o fim

pensar que tudo começou num ponto
e num único corredor embora infindo
nem mesmo a suspeita bifurcada
agia hipoteticamente no percurso

era o passo do ermo o vago do corpo
se mexendo o mínimo eco abafado
pela impossibilidade da distância
o inexorável ir para saber-nos onde

cogitar hoje o tanto que se expande
é inviável viver com as aparições
torna-se condição madura do andarilho
e seu pano frágil preso ao nó com força

basta deitar-me na única certeza
que eu sou a medida do caminho

4 comments:

tagg said...

1. A vida não me chega pelos jornais... Me chega pelos blogs. Então estás em POA?

2. Quando me vais criticar? Quando a tua faca?

3. Bjos de tudo de bom aí.

Anonymous said...

não conheço POA, mas imagino que seja uma boa city pra se morar. ou não?

Anonymous said...

Um poema forte, meio sombrio, meio solitário, mas forte e que faz eco (não por ser vazio, faz eco por falar forte, e ficar preso à cabeça. acho q vc entendeu, mas é só pra ter certeza)

Isaac Frederico said...

reflexões andarilhas que não deixaram de me transmitir certa claustrofobia...
caro amigo, seria a escrita a maneira de lidarmos e vivenciarmos "barulhos que não calam no peito" ? ou isso, entre outras coisas?