Jan 29, 2007

De volta

Desde já me antecipo nas muitas desculpas aos raros leitores deste blog. Estive em uma semana atarefadíssima em volta com as gravações de piano de um cd que se pretende pronto ainda no final de fevereiro. Certamente um trabalho gratíssimo, mas que deveria permanecer-me nele indefinidamente. Pois bem. Terminei na semana passada duas leituras que, de muitas formas, alteraram, ou esmiuçaram, partes significativas de minha compreensão das coisas. Com "Cem anos de solidão" e o realismo fantástico de Márquez, detive-me numa visão muita grata do mito edeniano (acredito em Deus, sim, mas também nas metáforas) e do estabelecimento dos tabus. Continuo depositando, por sinal, em Úrsula o papel de grande fio condutor da trama, tanto em presença, por cerca de quatrocentas páginas, quanto em ausência, nas páginas restantes. Pesa-me um pouco, e outros leitores podem confirmar com suas postagens, a fácil antecipação do final quando ainda restam cerca de 100 páginas. Contudo, a previsibilidade da trama, neste caso, a meu ver, não diminui em nada o grande mérito do autor colombiano na construção deste grande livro. À outra obra, "Arqueologia do saber" de Focault, não posso sequer me referir em quê e em quanto atrapalhou meus pensamentos sobre as coisas. À parte a organização sempre quaternária do pensador francês e sua, ouso a dizer, reiteração obsessiva de tópicas análogas, o livro traz grandes asserções a cada parágrafo, parte, frase, capítulo... Como ainda estou próximo demais da leitura, tudo se confunde em mim numa nebulosa espessa que, espero, dissipe-se brevemente (como de outras vezes) em um ou outro conhecimento revelador.

Parto para novas duas leituras, enquanto continuo com Auerbach: uma por curiosidade cética, outra por prazer.

Tirando esta chatice de comentar livros, está a saudade da minha Bonita, dos meus amigos, da família, nenhuma saudade do meu trabalho, e a dúvida insistente sobre o que estou fazendo e quanto.