May 10, 2009

Poema de viagem

Em Campinas, para tocar com a banda, o tempo passa sempre mais rápido do que eu. Por isso, fico com pouco tempo para trabalhar nos meus escritos. Às vezes passo dias trabalhando versos na cabeça (enquanto faço outras coisas) que só vou escrever em minha volta pra casa, no tempo letárgico do meu quarto. Enquanto isso, ocasionalmente, surgem pequenas lascas-poemas, que compartilho. Boa semana e arte a todos!

devaneio

jamais vou acordado

sigo em sono íntimo e profundo
todo o tempo

se às vezes me perturbam
para falar de algo
com olhos mãos beijos e apontamentos

desperto só o bastante
para agir de modo
que todos se contentem

e durmo

durmo novamente
no chão acolchoado de minha alma

deste sonho
vitalício
percebo que quando se acorda
é tudo muito cortante

e rude
sem as nuances necessárias
para ver que o mundo se esmaece

que as coisas trazem outras coisas
sobrepostas

nos raros momentos lúcidos
de vigília
pergunto-me
se todos vão como eu

se todos dormem

e se da mesma forma
se assustam
quando um rasgo de mundo lhes acorda

4 comments:

Beatriz said...

Viagem poética, sem dúvida. Óbvia observação esta minha.
é que é tão poética. Poética!
Poética!
Nessas fricções de erres raros que nos acordam pro fazer poético.

Poético, Guto Leite.
Cada vez e mais e sempre melhor!

Prazer ler textos tão bem escritos

Benditos

Anonymous said...

Boa noite, amigo!

Esse é de ninar e aocrdar ao mesmo tempo.

bração!

Renata de Aragão Lopes said...

Quem me dera!
Sigo atenta ao mundo a todo tempo.
Inclusive em devaneios...

Belo poema, Guto!

Cecilia said...

Fantastic!