
Atendendo à indicação de uma amiga, posto hoje o poema que postei alguns dias atrás no "Poema Dia". Não gosto de repetir nem artigo científico, mas gosto do poema e ela me deu boas razões, que omito. Abraço arteiro e bom fim-de-semana a todos.
caramanchão
assim envelheço
de olhar cansado
pro lado do quarto
que já morreu
até a surpresa
jovem mas frágil
de tão enganada
adoeceu
sem ter o cuidado
amadeirado
minha pele farta
se amarrotou
sem ter para onde
ir meu enfado
transmuto em destino
cá onde estou
e onde me encontro
ausente de filhos
de netos amigos
de namorar
o que vai comigo
se é que a morte
é ir do destino
a algum lugar
reabro as janelas
e a luz senhora
mais velha do mundo
enlouqueceu
movendo o vestido
não mais acorda
a cor que a poeira
adormeceu
são tantas memórias
andando em volta
a casa esquecida
dos meus avós
velórios alpendres
serões e sótãos
tudo que o tempo
despe de voz
agora envelheço
de vez e por fim
não sei a quem devo
cumprimentar
que sinos são esses
que saudades
eu sinto no corpo
imenso do ar
1 comment:
A repetição valeu a pena!
Verdadeiro encanto!
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