Apr 9, 2009

Parábola



Volto aos versos, filho com medo! Por que renegá-los? Eles que tão cedo me esconderam em sua saia de verbo. Que há muito me ensinaram a distância segura para o resto. Volto apressado e envergonhado como o filho pródigo. Volto pros versos!

o índio

um índio imenso
de cocar sem pena
se move em silêncio

corre quem pensa
foge no tempo
que lhe atravessa

senão nos chocalhos
ao canto dos berços
onde é sua crença

exceto nas tábuas
que vendem o ócio
quando é sua arte

o índio que parte
que some nas eras
que vai para ontem

não deixa na terra
sequer sua morte
não tem piedade

daqueles que ficam
que serão índios
de outras cidades

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