Mar 7, 2009

Duas espécies?


Ao ler uma excelente edição levada a cabo pela Azouge, "Maio 68", que reúne entrevistas e conversas entre expoentes mundiais dos movimentos contestativos de 68, encontro a seguinte assertiva de Timothy Leary, um dos precursores da contracultura: "Assim como há muitos tipos de primata: babuínos e chimpanzés e por aí vai. Em alguns milhares de anos a gente vai olhar pra trás e ver isto que - daquilo que a gente chama homem - talvez haja duas ou mais espécies se desenvolvendo. Sem dúvida que uma espécie, que poderia e provavelmente vai se desenvolver, é um formigueiro, funciona como uma colméia, com rainhas - ou reis (risos) - e tudo vai ser televisão, e claro, nesta sociedade a sexualidade vai se tornar muito promíscua e quase impessoal. Porque, num formigueiro, a coisa sempre se apresenta dessa forma. Mas você vai ter outra espécie que inevitavelmente vai sobreviver, e este vai ser o povo tribal, que não vai ter que se preocupar com fazer, porque, quando você cai fora, então a brincadeira de verdade começa". (p.163)

Salvo as sombras nada irelevantes de eugenia e calvinismo que pairam sobre esta colocação, até que ponto não se pode notar certa verdade na fala de Leary? Não obviamente distinção de raça, e não, provavelmente (?), distinção prévia, espiritual, mas uma distinção formada pela educação cada vez mais primorosa de um escol cada vez menor de pessoas. Não compactuo com o preconceito invertido contra as pessoas que nasceram com mais condições do que outros - e por isso são educadas de maneira mais cuidadosa (embora frequentemente se imbecilizem ao longo do processo) -, mas precisamos pensar com urgência na constatação que determinado graus de abstração já estão simplesmente inacessíveis à maioria dos homens. É real que se tem agravado a diferença?

Hoje fica a bandeira, não Bandeira, nem mesmo Guto, menor, perdoem-me. Braços e abraços a todos!

3 comments:

Beatriz said...

Sei não, Guto. 68 eu me lembro assustou até nós que éramos jovens. Vejo grandes consequências desse pós-tudo nos jovens sem perspectiva, aderindo à droga. Naquela época era bacana um "tapinha", uma viagem lisérgica. Quebramos tabus mas o preço, como vc diz, é muito alto.
Depois da morte de todas as utopias, sobrou um mundo incapaz de fazer um luto maduro. Restou esse vácuo cultural, social.
Tá tudo dominado. Credo

FlaM said...

Como se dizia nos anos 80, saudaçoes feministas, meu amigo!
Hj é 8 de março e só o que quero é direitos e ser excomungada!
Entre nessa onda!
http://palavrasquecaminham.blogspot.com/2009/03/frase-do-dia-excomungue-me.html

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bjs, f

Anonymous said...

N sei se está pior, pq n sei muito sobre sociologia, ou coisas assim. O que é facto é q é visível a existência de dois tipos de pessoas tão diferentes, q só n podem ser chamadas de espécies distintas pq se acasalarem dão origem a uma cria viável e fértil (preciosismo biológico. n gosto muito de divisões e preconceitos q utilizam bases cientifícas para se erguer qnd na verdade são falsas e mal aplicadas, apesar de perceber q a idéia é figurada, acho q faria mais sentido um rigor maior, pra haver mais seriedade e credibilidade para o ponto de vista do autor). É visível q há pessoas q vivem para o momento, para o q é fácil, e q n pensam em construir algo maior do q se tem/é, nem pensam em preservar memórias bonitas, e uma vida plena. Triste, triste, é ver q pessoas q escolheram esse estilo de vida, muitas vezes conseguem o q precisam muito antes, e c maior facilidade do q aquelas q realmente se empenham... Apesar dos pesares, n deixa de ser um ponto de vista interessante, e q me deixa mais tranquila por me sentir socialmente segregada qnd saio pra dançar a noite =P Afinal n sou a única a me sentir diferente.