Estou trabalhando num novo tipo de poética que contorna um pouco a particularidade do poema, por isso não tenho trazido tantos versos a este espaço. Vez ou outra, contudo, me aparecem alguns poemas antigos - antigos para mim, claro, novidade é necessidade da coisa, não da palavra - e é sempre bom voltar à velha forma de versar, conduzir o verbo por versos e estrofes. Segue um poema.(Como é bom poder dizer isso saindo do turbilhão que é para mim aquele outro jeito de escrever.)
ocaso
beijar-te os lábios
pele sempre nua
como luvas
saber que a palma
quando reclusa
é noturna
mas em vôo aberto
faz-te inquieta
ou segura
medir tuas pernas
pelos palmos
sol
saber o ângulo
exato
em que te acalmo
e o outro
que te nasce
por detrás da casa
para pôr-te depois
e além
saber-te as entradas
janelas e portas
falhas
entre as tábuas
onde guardas
a chave
do prazer
ter-te plena
para perder
muito
constantemente
até ver
de novo
teus lábios
aparentemente
ilesos
rebuscar
um jeito justo
de sofrer
Mar 10, 2010
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2 comments:
eu e minha mania de responder lá no blog, como se o 'comentarista' fosse voltar ;)
enfim, disse lá que coincidentemente estávamos postando ao mesmo tempo. enquanto vc comentava, eu compartilhava essa maravilha de poema com meus seguidores no Google Buzz.
perfeito, Guto! e, se for para o bem dos leitores, que vc tenha esses momentos de reclusão, porque o resultado é impecável!
ameiameiamei!
super beijo, caríssimo!
lindo lindo lindo
tens certeza de que queres/podes/precisas mudar esse jeito?
bj
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