Dec 15, 2008

Inspirado nos outros


Inspirado no blog dos amigos, abro a semana com um pequeno conto da época em que ainda os escrevia. Este é a tradução do sonho de uma amiga, confidenciado. Espero ter ressimbolizado a experiência e não simplesmente transposto a ambiência onírica.

Dopplegänger

E tem aquela da atriz, revelação na época das novelas de rádio, hoje beldade balzaquiana, que de tempos em tempos sentava-se em frente ao espelho do último cômodo de sua casa de veraneio, retirava o cachecol e contava sua história à única testemunha que se dignava a ouvi-la. Após alguns dias de relato memorialista (a atriz ia se esquecendo ao longo da prosa), deixava-se atenuar lentamente e sucumbia para dar lugar à sua imagem. Esta, erguendo-se da cadeira, tomava o cachecol (vanitas vanitatum et omnia vanita) e sentia-se renovada por um tempo, quanto tempo?, de posse da felicidade que há em ser a única vivente do universo, além de Deus, obviamente, a não ser criada ex nihilo.

1 comment:

Anonymous said...

hey, você deveria escrever mais contos!

gostei bastante da balzaquiana!

beijos