Apr 30, 2010

"aprender a viver"

Acho "viver" muito vasto e "aprender" muito polêmico para que a expressão "aprender a viver" tenha algum sentido. Ficam só mesmo o sentido retórico, para bares de companhia ruim, e o sentido financeiro, para os autores das centenas de livro sobre o tema. Por ambos não me interesso.

Digo, entretanto, que talvez isso de colecionar segundos tenha feito alguma coisa ao que tendo a chamar de eu (quando me falo). Se estou aprendendo, duvido, mudo por condição. Se viver é, assim, nessas mudanças, talvez esteja vivendo. Viver é inevitável!

Um dia pretendo me ver nos muitos tempos a que chamei de presente, pelo parapeito da memória, e talvez reconheça que mudei. Tomara! Talvez reconheça que não, que ainda sou a parte de dentro do útero recebendo a vingança de outros já nascidos. Que desde lá recebo o carinho dos pais e das vítimas de outros pais para que eu me esqueça do trauma e pense estar aprendendo. Que um dia me veja crescido, e reporduza.

Viver? Terei vivido. Mas sem aprender nada.

3 comments:

Isaac Frederico said...

eh meu amigo ... reflexoes por demais "cabeludas" para um primata como eu !
mas me identifico com a questao, com os desafios que se coloca...

uma pulguinha: nao seria essa reflexao, como sugeriu wittgenstein, meramente um problema semantico, ao inves de realmente real ?

tagg said...

hahaha é triste, meu caro, mas provavelmente verdade. e tua fala é deste tempo - moldados cedo demais por mãos quase sempre indelicadas e incompetentes, chance alguma temos: arrastamos o excesso da massa, expomos o mau gosto da mistura incongruente de cores, tentamos sem sucesso esconder no melhor perfil a má-formação da cara. desde que nossas mãos mesmo são defeituosas, não nos podemos rearranjar. fico pensando: alguma outra fala, de algum outro tempo no futuro, nos desdirá? bjos.
ps: praticamente, nós já teremos sofrido, de modo que 'se foda'.

Anonymous said...

hahahaha

verdade!! que coisa hein amigo?
a vida é arte do encontro, embora haja tanto desencontro nessa vida.

bração