Feb 10, 2008

As questões de sempre

Pode parecer uma coisa estúpida, mas acredito que algumas decisões estão sempre em voga na vida das pessoas. Não algumas para todas, mas algumas para alguns, particularíssimas. Eu, por exemplo, sempre preciso tomar novamente a decisão de escrever da forma como é preciso que eu escreva e não da forma como acho que vou ser apreciado. Escrever dessa última, é não passar da repetição de modelos obsoletos de fazer arte! E não que, neste caso, o termo obsoleto seja ruim, já que insiro nessa categoria Shakespeare, Pessoa, Rimbaud, Dante, Homero e outros tantos dos maiores gênios que a humanidade desproduziu. Mas acredito que a verdadeira qualidade que os traduziu como artistas foi a forma como significaram o universal e o particular de suas épocas, não copiando os modelos que os antecederam e deixando modelos para que não sejam copiados depois deles.

Se tenho ou não talento, só pode ser decidido historicamente, termo totalmente avesso a mim, aos meus e ainda mais às linhas deste blog. A única ação válida que resta a este pobre aspirante a poeta é escrever, naturalmente, copiosamente, ingratamente. Escrever, porque os vermes não comem menos este ou aquele homem.

Segue o que me resta:

Dois por um

eu não ia dizer nada
e “você viu que vão tirar de circulação as notas de um real?
uma violência"

5 comments:

Isaac Frederico said...

caríssimo,
de entrada, neste post, a filosofia diluída; e de prato principal, a filosofia concentrada, num tamanho de moeda de 1 real.
não se desespere que o reconhecimento vem a galope !

Rosa said...

eu reconheço teu talento de longe

e tai o motivo que eu te escolhi pra ser 'pai dos meus filhos'


to indo pra cidade das gaivotas, parceiro. quero te ver.

beijo beijo beijo.

Fábio Mariano said...

Fala Gutão!
Meu, caralho! Desuclpa pela ausência enorme aqui,mas tem um lado bom (pra mim): é chegar e ter uma dose cavalar de literatura de Guto Leite numa madrugada! Caraca!
EM primeiro lugar, o seu a louça do chá, cara, absurdamente bom! Todo o poder da prosa, as imagens saltando e a conclusão com o contra-corpo. É óbvio que falando de "tudo eram chá e bolachas, molhados um no outro" você me fez lembrar daquela famosa madeleine molhada no chá que resultou em mais de 3000 páginas... Guto, caraca! eu num sie nem pq eu aidna fico tão besta assim!
Gosto de As Francesinhas, gosto muito, mas não tanto quanto de Dois por um, pelo amor de Deus! Que poema!
Conversaremos mais sobre eles ao longo desse mês, e espero que você vá fazer literatura e psicanálise esse semestre!
Abração!

Maíra Colombrini said...

Olá, quanto tempo... tudo?
Já viu a Bravo! 100 livros essenciais? Tem todos os obsoletos lá... fantástica... adotei como lista de presentes para família e amigos esse ano.
Adoro o jeito que vc escrete, o Guto, o Leite, o Deleite. Fazer o que alguém já fez, por mais que traga boas críticas, nõa serão sinceras. No fundo de chamarão de falsário.
Fora que não é único, não tem paixào, não é arte, não reflete vc...
É como falsificar um Picasso, fica um bosta, vc nòa é Picasso. Além de podar a possibilidade de um original Guto Leite dar um cacete no Pica(sso).

Henrique Magnani said...

reconhecimento, reconhecimento... a praga e a meta.

o problema é reconhecimento "de quem" (serve o meu?) e "por que razão"?

mas tá aí um bom caminho... não buscar reconhecimento fácil, mas não se fantasiar de "incompreendido"...

abraços de seu amigo (que retorna ao mundo)

Ique