Sep 30, 2010

Como ser poeta

Manual da Academia Brasileira de Letras
(seção 42: Como ser poeta)

1- Leia, leia muito. Preferencialmente os bons livros, mas não exclusivamente. Embora os clássicos sejam clássicos porque assim o chamamos - verbo no presente e no passado -, não é à toa que muitos o fizeram clássicos, acredite. Com o tempo, poucos livros tendem a ocupar essa posição privilegiada de obras-primas, tanto para você, quanto para todos os outros. Ou melhor, principalmente para os outros;
1.1 - Releia os clássicos. É preciso saber ler o mesmo livro duas vezes. Os bons livros não costumam ser absolutamente acessíveis a uma única leitura.
1.2 - Leia livros de autores novos. Não se ancore nos clássicos. Apesar da natural falta de qualidade da maioria, não desista. O ser humano é surpreendentemente criativo.

2 - Olhe para as coisas. Se elas significarem algo para você, escreva. Como se verá no item 3, isso não significa que será reconhecido como poeta, mas já é um bom e indispensável começo. Caso as coisas não signifiquem nada para você, não escreva. Seja leitor, uma condição privilegiada no mundo das letras.
2.1 - Não olhe para os livros, senão como coisas. Se um poeta escreve segundo antigos poetas, o melhor que pode vir a ser é seu poeta modelo. Escrever sob a opressão caridosa de outro estilo é olhar com os olhos do opressor.
2.2 - Reolhe as coisas. É preciso saber olhar para a mesma coisa duas vezes. As boas coisas não costumam ser absolutamente acessíveis a uma única visada.
2.3 - Olhe para as coisas novas. Não se ancore nas antigas coisas. Apesar da natural falta de qualidade da maioria, não desista. O ser humano é surpreendentemente criativo.

3 - Busque de alguma forma tornar público seu trabalho. Milhões de poetas ao longo de nossa história morreram inéditos. Reparem na cruel dinâmica da balança: quanto mais difícil for tornar público os poemas, maiores as chances dos poetas serem reconhecidos por sua arte; quanto mais fácil tornar público o trabalho dos poeta, mais eles tendem a ficar perdidos entre numerosos textos editados ou ofuscado por poetas menos talentosos, mas de melhor marketing (renome ou garbo, diriam antigamente).
3.1 - Divulgar seu trabalho é colocá-lo à prova de bons leitores, alguns deles, quase poetas que se dedicaram exclusiva e sabiamente à arte de ler.

4 - Aguarde a história.
4.1 - Não é preciso morrer, mas é recomendável.

Adendo: esta seção pode ser irônica. M.A.

1 comment:

Luiza Jardim said...

Muito bom esse blog!! Visitarei mais vezes!