Nov 2, 2007

Poema dedicado

Quanto da arte é feito de entranhas? Quanto feito daquilo que se pretende belo? Mesmo sabendo que tais questões não são nem devem ser mensuráveis, sinto-me culpado por ambos, quando, por acaso, acesso a qualquer uma dessas pontas do sublime. as gravações correm muito bem, com pessoas emocionadas em algumas cenas no set e tudo. Vencido pela pressa, deixo um poema dedicado.

Canto XVII

a noite carrega a luz para fora das casas
acende-as

os homens que à primeira luz
saíram
chegam apagados

as luzes que a noite acende
fora das casas
despedaçam-se

brutalmente
os rostos se contraem
no espaço peque
no que sonham

quanto mais os cenhos apertados
desfiguram os cílios
de sua árdua natureza de trabalho

mais a noite segue retomando
o espaço à corrente

e assim que não se reconhecem
reconciliados
as luzes apagam de novo
a noite fora

2 comments:

Anonymous said...

Hum... Quem anda ultra c pressa sou eu! Mas por bons motivos! (Finalmente). Não consegui ler com o carinho devido, mas não esqueci de passar por aqui. Dps comento como deve ser. E só te digo uma coisa: não se dedica nada as pressas! Por melhor q seja a intençao =)

Anonymous said...

É... Ainda tou a sentir o gelo de decepcionar quem eu menos deveria. E quem era mais dificil conseguir decepcionar. Não pelas pequenas expectativas, mas pela grande confiança que deposita em mim.

Sobre o poema... É de uma simplicidade, melancolia e tristeza imensas. E mesmo assim encerra tantas imagens e riqueza de emoções. É o retrato das minhas noites, sem eu nunca as ter contado. Mil contrastes entre o que existe, e o que se esperava que significasse. A noite não como refugio e abrigo, mas como uma parte ainda mais pesada que o longo dia de trabalho.

Ou então entendi tudo errado, e mais uma vez projetei meu cotidiano nos teus poemas.

Depois do quase insulto, e da fraca interepretação, só me resta agradecer, apesar de acreditar que o verdadeiro agradecimento vem do reconhecimento, e não de palavras mil vezes repetidas.