Apr 23, 2009

Pele

Poema daqueles que vêm arrancados, impetuoso, de algum lugar já exposto. Poema que quase vem a contra-gosto, se não fosse pleno de vontade. Poema que acovarda quem o fez e desdenha de quem lê. Poema que de tão fraco poderia ter vindo gente.

pele

o desejo
sob alças e rendas
de um fino tecido
vermelho

feito a pele branca
que esconde
uma vida de carne
ou o avesso

naquele ralo instante
pele sobre o tempo
quis eu ser o tecido
do desejo

rubro de vontade
proteger-lhe
ou em seu cheiro branco
silenciar-me

como ser o mesmo
de que jeito
sem saber se sou pele
ou se me arde

8 comments:

FlaM said...

Uau... inspiradíssimo! o poema e o texto introdutório. Mas o poema!... Que poesia, guto, tão linda, sutile e precisa, perfeita para o retorno desta leitora tão relapsa quanto ávida!
Obrigada pelas mensagens carinhosas. bjs, f

Anonymous said...

ô parceiro!! que doce esses versos!
sexta no árabe tem samba! bambearemos!

tagg said...

só a hoje li a mentira criança deslavada do seu comentário :) e de quebra esse post esse poema. sim, concordo plenamente com a sua apresentação dele :) mesmo pq de tão gente o desejo pode prescindir (imagine um meio sorriso e os eternos olhos oblíquos) da linguagem. bjos e saudades.
ps: por hora o meu blog não será atualizado.

Iuri said...

Haja carne.

Felipe Vasconcelos said...

Outro lindo poema, hein, Guto! Bravo!

Lola Davi said...

Tem lugar pra mais uma fã aí? :-*

Maíra Colombrini said...

Só os poetas e os gays entendem de verdade a lingerie! :oP
Adorei o poema... deu "água na boca"
Beijos (pudicos depois da poesia carnal)!

Luciano said...

Gostei meu velho, gostei mesmo. Muito bom. Visceral!
Abraço, querido.