Então deixo qualquer coisa dita!
Meretrício
moletons são abraços
pagos impessoais e insuspeitos
freqüentam os armários pelas quinas
moletons se emprestam
se indicam se dão
se amarram à cintura
sua forma é perfeitamente adequada
pro carinho íntimo
interminável
por mais que às ruas se saia
com um casaco nos ombros
dormimos de moletons
por mais que a elegância requeira
sobretudo e terno
não nos enganamos
o moletom é a pele
livre da culpa imensa
que carregamos por fora
nas noites que a vida é escura
desejamos pela morte
um dia ser como eles
May 9, 2008
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4 comments:
"moletons são abraços
pagos impessoais e insuspeitos
freqüentam os armários pelas quinas"
Estes versos já valem o poema, um qualquer coisa sem pretensões mas com um cuidado nítido no arranjo das palavras.
Um protagonista incomum.
Dividindo as horas do sono e a intimidade que não pode ser velada.
As sensações nos tocam a pele por todo o poema.
Abração e até.
Obrigado, poeta! Gosto bastante deste poema, de algumas das imagens... Li este semana o teu "Elementar", belíssimo! Muita arte e força!
Moletons são nosso desleixo à flor da pele, na minha modesta opinião.
gosto do poema e detesto moletons:)
Hoje minha filha me proibiu de sair com acalça vermelha de moleton que eu usava em casa: Tá mas tu não vais sair com isso, né? Ninguém sai para arua de moleton! (!!!!) Com adolescentes não se discute. E nem com a Bea! Acho que elas concordam entre si!
Mas vai, nem se compara com um abraço! Quando eu te conhecer, eu quero te dar um abraço! Hoje eu queria te dar um abraço! (depois daquele teu comentário! e respostas e tudo mais)
Um grande abraço, Flávia
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