Meu avô fez noventa anos há algumas semanas. Como poucas pessoas nessa idade, permanece lúcido, sendo um prazer acompanhar suas muitas histórias (raras vezes ouvi dele uma história repetida) e sua postura sempre humilde em relação à vida.
No dia seguinte à festa, tive a oportunidade de conversar um pouco com ele, relativamente a sós. Foi quando ele me contou de sua infância e que sentia muito não ter aprendido carpintaria com seus tios (meu avô perdeu os pais bem cedo). Com as mãos sobre a barbicha branca, meu avô disse que não entedia por que todos usavam uma forma de madeira e seu tio insistia em fazer os cortes sobre algumas marcas no chão, o que seria muito mais difícil. Ouvindo isso, comentei que talvez o tio de meu avô entendesse o valor do processo. Que antes de ser ou não prático, cortar a madeira diretamente no chão devia despertar ou relembrar aprendizados que ele considerava interessante.
Ah! meu avô soltou brevemente um ar da boca. "Pode ser...", balançou a cabeça afirmativamente.
Tanto quanto a admiração por alguém capaz de ouvir uma pessoa sessenta anos mais nova, ficou-me a sensação de que está aí um dos perdidos de nossos tempos: o valor do processo. Como tudo tem um motivo, um proveito, uma ação, um sentido, pouco importa o processo para se atingir o alvo. O problema é que muito de nossa cultura se deposita no processo. As nuances de significado estão no caminho, não no fim ou no início. À luz dos extremos, publicidade é poesia, auto-ajuda é romance, notícia é crônica, scrap é conto.
Meu avô é do tempo do processo...
Feb 22, 2011
Jan 12, 2011
Ótimo 2011
Não sei se há tantos que ainda me acompanham por aqui, mas me senti impelido a explicar um pouco o silêncio.
Sigo escrevendo bastante, sobretudo poesia e canção. Trabalho também com a possibilidade de um romance infanto-juvenil, um livro em verso infantil, uma coletânea de poemas e um novo livro pra 2011. A ver se o tempo vai concordar com tantos planos.
Em 2010, a dissertação de mestrado e o lançamento de zero um, também por sua indicação ao Açorianos e as diversas conversas em torno do livro, me afastaram um pouco deste espaço, ao que pretendo retornar logo e com fôlego.
No mais, um ótimo 2011 a todos, em especial, com arte e paixão! Esperamos um ano novo mais humano e razoável.
Sigo escrevendo bastante, sobretudo poesia e canção. Trabalho também com a possibilidade de um romance infanto-juvenil, um livro em verso infantil, uma coletânea de poemas e um novo livro pra 2011. A ver se o tempo vai concordar com tantos planos.
Em 2010, a dissertação de mestrado e o lançamento de zero um, também por sua indicação ao Açorianos e as diversas conversas em torno do livro, me afastaram um pouco deste espaço, ao que pretendo retornar logo e com fôlego.
No mais, um ótimo 2011 a todos, em especial, com arte e paixão! Esperamos um ano novo mais humano e razoável.
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