Jul 10, 2008

Poema revisitado

Já postei estes versos antes, há bastante tempo, e, na época, causou reações das mais díspares, uns gostarem, outros sentiram aversão etc. Em função de um concurso de poesia em Colatina (pra quem quiser mais informações, clique aqui), retrabalhei o poema, cada palavra, e busquei um ritmo próprio, que os mais beatos vão logo saber de onde. Obviamente há uma crítica aberta ao catolicismo e também à pedofilia (também mais evidente), mas o que quis acertar (e provavelmente errei) foi que algumas pessoas, não por tabus, mas por abuso, covardia e violência, conseguem despertar um certo asco universal.
E cada vez concordo mais com o Isaac que me falta um pouco de paciência ao fazer poesia. Rápido me livro deles todos, os versos.

ave-maria

de alto a baixo
um metro e trinta
cabelos crespos
de passar pente

no amor que rende
há pares de anos
as cores gritantes
é que lhe encantam

quis ir ao rosa
flores bordadas
por não ver dor
dentro do pano

fugir ao roxo
mais desbotado
ser como a linha
cerzindo o sono

alguns espelhos
manchados gastos
desamarraram
de seu vestido

por isso o choro
não lava a mão
do padre erguendo
baixinho a saia

como queria a
virgem Maria
subir à terra
das lantejoulas!

10 comments:

Beatriz said...

Guto, querido, eu gosto desses versos curtos, frases blocadas. O Victor disse que no meu caso, na penúltima versão da Estrada, parecia um pacote de bolacha de água e sal com algums esfarelando de tanto manuseio. Concordei com ele. E com vc qdo me disse sentir faltas de frases mais longas.

Aqui eu gostei e só saquei pressa a partir de "fugir ao roxo
mais desbotado...". Daqui pra frente parece sim que vc quise se livrar correndo.

Cuide-se.
mille baci

jAh dIzIa LeMiNsK...tudo que respira conspira! said...

ao longo da minha ignorância poética, não sei explicar o porque mas...eu gostei!
parabéns

[a meu caminho foi...presença > vc]

Anonymous said...

Gostei das quadras.... fica parecendo poesia de brincadeira de criança, então, consequentemente gostei do tom do poema. É dificil encontrar ironia tão fina como a sua!
Não entendi, ou não percebi sua pressa em terminar.....

FlaM said...

Cada vez acho mais premente, e insubstituível, aquela conversa pessoal. Não caibo, não cambemos, mais nessa caixinha. Queria muito, entre outros assuntos, continuar direito uma conversa sobre elogio, modéstia, crítica, arrogância e etc.
Eu, talvez por ser atéia de berço, acho muito confuso o conteúdo do poema aqui. Sem suas instruçoes, acho que não teria entendido nada do que vc pretendeu com ele. Quanto ao aspecto formal, acho um lindo poema, as imagens, as palavra, o ritmo - é lindo.
Mas sempre tenho vontade de terminar dizendo- se é que vc me entende. Pq tô de bronca com essa caixinha aqui.
bj, f

Mimi said...

hahaha, no fim, eu achei engraçado!

Não entendo isso de mudar versos ou melhorar pq o meu poetar é de amadora. Amo muito tentar!

beijos e saudades

Guto Leite said...

Interessante ler críticas tão divergentes! Ainda mais que eu esperava gritos fervorosos como o poema sobre o preconceito de tempos atrás... Só posso dizer que todas vieram solenemente em auxílio deste poeta, que agradece muitíssimo, uma vida! Uma vida por uma boa crítica!
p.s.: Flá, troco facilmente esta caixinha por recipiente de maior tamanho... =)!

FlaM said...

Que bom Guto, tô precisando mesmo de outros recipientes...
bj, f

Beatriz said...

Guto,
recomeçou tudo lá!
Vem?

Heyk said...

é, à primeira leitura nada demais.
Mas, a segunda consegui acompanhar bem.

no que tange a métrica e os sons os dois últimos estrofes desarranjam o resto. até eles a coisa soa bem.

Depois entram outra coisa forte: o contexto contido.

que é bom.

E a imagem final é de rasgar. Bravo bravo. Eu não consegui construiu um sentido pra ela, mas pelo inusitado já assinei embaixo.

E na construção o poema se resolve bem, a coisa das cores, ah, tô relendo, e tal, e o poema é bom mesmo. Não tem jeito não, pela coisa do amor, pela coisa do cabelo crespo, da altura, dos espelhos, caceta, é, não tenho pra um fugir, mande esse sim a colatina, vou mandar um cá tbm.

FlaM said...

Esses teus festivais são um saco, sabia? Nao termina nunca! Tô cum sodadi!
bj, f