Sou péssimo guardador de segredos. Não me contem nada! Até consigo, com muito esforço, sobretudo quando não me pertencem, guardar alguns. Sendo meus, no entanto, logo estão cientes dois, cinco, dez, vinte, que são o número de amigos que tenho, também meu número de leitores. Embora eu seja um pouco mineiro, não se trata aqui de um mexerico de postigo, mas sim de crenças mais profundas, que envolvem ethos, persona, íntimo, entre outras coisas que não vêm ao caso.
O caso é que, enquanto preparo aquele livro "burguesinho" que comentei posts atrás, também faço outro, mais a meu gosto, com poemas-tapas, poemas-lágrimas, poemas-de-sumir. São frutos, normalmente, de uma longa ruminação interna, às vezes durante semanas, minto, dias, e têm geralmente um, dois, três, quatro versos, se ode. Partem de três pressupostos: o conceito de "obra aberta" de Umberto Eco, a crença de que se é possível condensar as nuances de um poema em alguns versos e o título e a decepcção de considerar que estamos hoje distantes demais da arte poética e que, por isso, é preciso que tomemos contato com algumas obviedades líricas.
Pilhérias à parte, espero que gostem do meu segredo, que encontrem nele elementos para a catarse, que critiquem, obviamente, e, se muito generosos, ao fim, os declarem poemas.
O que é natural a um corpo
as horas são fundas
o tempo é raso
a vida é um corpo que emerge
Cine qua non
basta ser bonito para poder namorar
Trava-língua
os matos pastam as vacas
no inefável das carcaças
Tapete
porque o tempo é infinito
sabemos
de tudo a menor parte
Jun 7, 2008
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
16 comments:
Pois eu guardo tantos segredos, que nem te conto…
Entendeu? Eu não conto, por isso me contam! E eu tenho vontade de tapar os ouvidos e dizer Não, mais um não! São homossexualidades, abortos, traições, hiv possitivo, ejaculação precoce, medos, desejos, ambições, frustrações…
Segredos pesam tanto dentro da gente, por isso nos contam!
Lembra um poema do quintana? Dizia mais ou menos assim Não contes a seus amigos os teus segredos, porque por certo outros amigos eles também terão…
Quanto aos teus segredos, são ótimos (com exceção do Cine qua non). Verdade! Gostei! Gosto dos breves, e acho-os difíceis de fazer (bem) e (por isso) inteligentes!
Segredinho: prá namorar basta ter pegada. (às vezes, pegada virtual)
Segredinho (2): para ser bonito, basta namorar…
Ps; claro que o Quintana nnao fazia a mistura deplorável que eu faço de tu com vc!
Tá difícil. denovo, pq estava confuso:
gosto dessa oposição hora/tempo e funda e raso, infinito e menor parte.
Agora, explica o que é obviedade lírica?
Ah, gosto dos comentários(que vc gaiato chama de pilhérias) sobre seus estudos, ainda que desloquem a atenção dos poemas.
sim, poemas.
menos é mais.
GUTO!!!!!!
Tô te ouvindo!
e amando! (segredinho)
além de toda a poesia, ainda cantas? Linda voz, uma graça de interpretação! Afinado! e que lindo repertório!
Que cara mais tududibom!...
E ainda toca pandeiro! Vc existe mesmo?
KKKKKK
Judia de mim, judia...
ai guto, estou me apaixonando também kkkk ;)
belas inserções poeta, perspectivas de um livreto de filosofia condensada ?
abraços!
Nossa! Muito obrigado pelos comentários e confesso que fiquei um pouco avexado com este último, Flávia. Faço várias coisas sim, mas tudo "mais ou menos", como se diz em Minas. Sobre os poemas, exatamente a reação que queria receber e que espero pro livro. Um gostar, um desgostar. Oba! Muita arte na semana que começa!
p.s.: outro segredo: nos atuais tempos frios e longínquos portoalegrenses, confesso que existo mais do que gostaria.
Eita! difícil de agüentar esse negócio de elogio né, Guto?!
Confesso esta falha, Flávia! Talvez provocada no Guto pequeno, mas enfim...
Segue a arte!
Pequeno Guto? pulo essa parte...
Acho que talvez vc tenha ficado mais perturbado com o comentário do Isaac, que parece que também ficou perturbado e resolveu me... "traduzir"? (talvez uma falha provocada no pequeno Isaac) KKKKKKK
Agüente firme, Guto! (e vc também Isaac) Você me parece bem grandinho para se esconder atrás do pequeno Guto! Eu gostei muitíssimo do teu trabalho com música, e se vc se deprecia, deprecia também minha avaliação e meu esforço em te entregar isso. (e vc também Isaac)
bj, f.
hehehe
o carinho é grande, amiga flávia e guto; o processo de conhecer os colegas de poesia é extremamente prazeroso mas, aqui no blog, da minha parte (sem que isso signifique nenhuma censura)irei me limitar aos comentários literários sobre a obra poética sendo exposta.
E agora que vc avisa?????? Trata de guardar meu segredo!
"basta ser bonito para poder namorar" Tá me chamando de feia??? Assim, descaradamente!
Gostei muito do "Tapete". Maneira simples e eficaz de dizer verdades complicadas de traduzir.
Flávia, entendo este argumento a respeito do elogio, mas juro que minhas ressalvas sempre se valem da certeza de no fundo sermos todos imensos sacos de carne! Mas adorei teus elogios, mesmo! E fico sim encabulado. Caro Isaac, assino embaixo das tuas ressalvas. E Dani, você é a mulher mais linda que conheço do Hemisfério Norte!
Arte a todos!
Ei, gente feia também namora!
Sou prova viva disso!
:-)
Quanto a segredos, tenho aos montes e conto para quem eu acho que vai compreender.
Se vão ampliar ou espalhar, não me preocupa.
Ai não ! tive que voltar aqui e me meter! De novo!
Guto, essa mimi é uma mentirosa. Ela é liiiiinda! Tanto na versão dia como na noite (beleza certa para a ocasião)
Guto: do hemisfério norte? ah tá! espere até me conhecer pessoalmente.... Vc vai juntar os hemisférios...
KKKKK
bj, f (quanto mais triste, mais boba! E ciumenta! Acho que também vou me chamar de feiosa... funciona prá ganhar elogio! hein, mimi?)
Enquanto poemas que se aproximem de umam idéia de obra aberta, que se desdobram numa possibilidade maior e mais densa de leituras"tapete" e "o que é natural a um corpo" se destacam entre os outros. Abraço e até.
Post a Comment