Dec 11, 2007

O Isso

Ando de certa forma em desespero. Tenho estudado bastante os movimentos e principais forças do modernismo para poder, enfim, escrever meu projeto de dissertação de mestrado. A causa do desespero consiste em imaginar para onde caminha nossa literatura e como se desenvolve a produção dos autores que se disponham a fazer arte hoje em dia. Só para ser sucinto, quando, há uns trezentos anos, atravessamos a ponte entre o mimético e o subjetivo, já deixamos descuidados parte de nossa sanidade. Ao prosseguirmos o cansaço, entre o subjetivo e o sensorial (ou simbólico), poucos restaram que pudessem viver sem roer os dentes. Por fim, acredito, resta abandonarmos este último para ir atrás do "isso", do indizível, do objeto além do passível de crítica, justo por ser tênue, por correr ao largo da linguagem. É possível? Esta é minha sensação e, talvez, para onde caminhem meus versos. Esse é o meu "isso". Os loucos dentro da minha cabeça jogam "queimada" com suas camisas de força quando me pergunto: e depois?

Trava-língua

os matos pastam as vacas
no inevitável das carcaças

p.s.: quem puder, dê uma conferida no espaço da banda em que canto, no myspace. O link tá aqui do lado direito. Parte das letras de música que posto aqui podem ser ouvidas e baixadas por lá. Imenso e dedicado abraço a todos!

2 comments:

tagg said...

Na busca do novo eu lembro do velho e ainda novo - Baudelaire. Ninguém fez nada melhor com o que é podre. A carcaça é matéria limpa e inodora...
Gosta não que não é bom!
bjos!

Anonymous said...

É assim... Da escola lembro que sempre era necessário voltar atrás pra prosseguir. O neoclassicismo e mais umas qnts escolas q n me lembro o nome, fizeram isso.Chega um ponto em que acaba e pronto. Pq só teria continuidade se reinventássemos o Homem. Os sentimentos q movem o mundo e a poesia sempre serão os mesmos. Daí a dificuldade de fazer algo realmente inovador. Poesia é uma releitura de sentimentos. Fotografia é uma releitura de acontecimentos e objectos que muita gente viu, mas poucas pararam pra enxergar. E aí está o mérito da arte: mostrar pras pessoas que o q elas sentem e vêem é importante, real e essencial. Não reinventar universos paralelos. Isso pode resultar nos filmes, nos quadros, mas repare q mesmo nas maiores alucinações, há sempre um elo que remete à realidade das pessoas. Sei lá... Falar sem que haja possibilidade de compreensão me parece fútil, sendo que há tanta coisa pra dizer, mesmo q tudo já tenha sido dito. E já foi. Mas não por mim. Por isso eu continuo c as minhas fotos medíocres. Tudo o q fotografo já foi fotografado, e de maneiras mais belas, mas fazer o q? Esse mundo tá aí há tanto tempo, q é inevitável.
Ah, voltando ao início da minha argumentação... Acho q voltam ao ponto de partida qnd tavam pirando muito, e as coisas q eram escritas já n faziam sentido pra ninguem. Percebe? É como numa conta de matemática... A gente tenta voltar até ao ponto em que aquilo tudo estava certo, e fazia sentido, apaga, e retoma o q foi feito. Há momentos em que é preciso criar, desconstruir, e voltar à um ponto seguro. Acho eu.