Da conversa de dois amigos, extraio um dos grandes conflitos que assola o elemento humano. Ela dizia que se lembra de cada ação que lhe tenha rendido risos ou aborrecimento. Ele dizia que costuma esquecer tudo, que assim é mais fácil. Salvo a distinção sexista, que, acho, não acredito, qual das duas posturas diante dos fatos passados é mais adequada? Ou, para que diacho serve a memória? Vem-me às idéias certa crença epistemológica aprendida na escola de que a História serve para não repetirmos os erros do passado. A memória, parte individual e íntima dos fatos, nos serviria, provavelmente, de maneira análoga, para não nos enfiarmos de novo em antigas enrascadas. Mas, se a humanidade já se mostrou inapta na arte de não repetir os erros documentados (vide os americanos que sempre cederam armas e a retribuição destes grupos às dádivas concedidas), o que nos autoriza a ser capaz de esquivarmos dos erros previamente cometidos nos antes de nossas vidas? Parece-me que temos algum controle sobre o periférico e o temporário, mas o aquilo que é de cerne vem de forma imperativa. Não há memória que ensine a respeito das erráticas e inevitáveis proezas coincidentes no destino.
A máquina maravilhosa
os cenhos olhando-se lentes desolados
os toques de resquício
os abraços da pele por contigüidade arenosa
tudo se dividindo em plátano penhasco ou
vontades submersas nas asas dos copos líquidos
círculos de níquel metonímicos no pano gasto
orfanatos paróquias entidades casas de espírito
franjas repartidas com o frontispício das quinas
segmentando os corpos
as mesas de café rodas metálicas dos vícios
um peitoril esguio um maço de Malboro Light
um semáforo agudo solo de violino
um sebo uma feira um laço uma galeria de arte
um riso
o vão caudaloso do contorno a linha o lírico da Zona Leste
onde um beijo duvido indefinido é nada é vago
o dia feito maquinaria sátira de carinhos
magros
p.s.: criando...
Dec 22, 2007
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
2 comments:
Não entendi patavinas do poema. Sobre o post... Olha a frase que usei pra foto de ontem: Better by far you should forget and smile than you should remember and be sad.
- Christina Rossetti
Eu acredito nisso, apesar de n ser capaz de faze-lo.
Esse seu poema aí merece trabalho, carinho (não magro), cuidado. Gostei muito.
bjo!
Post a Comment