Não sei se já trouxe um convidado aqui. De toda forma, para quem sempre pregou a ideia da maior democratização possível de espaços e oportunidades, estava mais do que na hora de abrir esta casa virtual para outras pessoas. O texto que segue, intitulado "Quero um barco", de Raul Rodrigues, traz reflexões bastante simples a respeito de como levar a vida e até mesmo de como levar a arte (quando estas não coincidem). Apesar da aparente simplicidade, acredito que algumas das lições presentes no texto valem a pena como objeto de reflexão e debate. Como dados biográficos, o autor é baterista e percussionista, além de cursar o terceiro ano de Música Popular na Unicamp. Comentários são sempre bem-vindos. Muita arte a todos!
Quero um barco
Raul Rodrigues
Quero um barco pra viajar longe! Achar uma ilha desconhecida. Procurar, procurar... viver à procura.
O barco pode ser pequeno, mas que seja seguro e navegue bem. Levarei flores, bichos e causos.
Uma boa tripulação será muito bem-vinda, mas posso tocar sem ela. As plantas podem virar grandes árvores, os pássaros baterem forte as asas, o sopro do vento, culpado de muito, levar longe as copas e, junto, minha pequena embarcação. No caminho, cores de todos os sabores, timbres e cheiros vão aparecer e nomear o barco de "ilha desconhecida". Passo timoneiros, poiteiros e capitães; fico com os curiosos, humanos, loucos, procuradores eternos de suas ilhas.
Que chato seria se a resposta de tudo estivesse nos mapas.
Não quereria um barco, não haveria “ilha desconhecida”.
Não haveria procura, procura, procurar... vida.
Oct 20, 2010
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