De vez em quando, como uma brincadeira, até então, própria, escrevo algumas coisas que se encaixam nos furos que o discurso deixa para nos desentendermos... Sim, nada mais, nada menos, do que uma espécie de onanismo lingüístico, destes que se põe o fim e ri-se sozinho (nada mais triste do que alguém à caça de divertimentos, não?). Embora esteja escorado em camaradas como Borges, Machado e Kafka, entre tantos e melhores outros, peço que me perdoem por compartilhar com vocês esta prática tão vergonhosa!
trick question
perguntado a respeito de qual é de fato o destino das gentes, o tolo respondeu, salvo as milhares de nuances, todas as almas do mundo se dividem em dois grupos bem delimitados, os imediatos e os profiláticos, os primeiros acreditam poder saciar sua incompletude atendendo prontamente a qualquer anseio que lhes dite o corpo ou o espírito, os últimos, diferentemente, acreditam que, negando estes mesmos anseios que lhes surgem à mente, ou à mente do corpo, favorecem a chance de um dia tornarem-se plenos, aqueles, após vidas sucessivas que consomem fazendo o mesmo, encontram, por fim, o inferno, estes, após, simétricos, consumirem também seu tempo entre nascimentos e óbitos, encontram o céu, assim se define o destino das gentes do antes ao depois, estupefatos com a revelação, absolutamente humanos, os inquisidores hesitaram, tolo, o senhor está certo do que dizes, é claro, respondeu, se não, tolo eu não seria, é isso, exatamente isso, ou seu contrário
Jan 20, 2009
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8 comments:
Guto, ótima personagem, nego! Me lembra pacas o coveiro que dialoga com o Hamlet. A forma do texto é pouco clara, o que ajuda a reforçar a entropia do conto; com isso, o enigma cresce e o leitor tem maior sensação de descoberta ao longo da leitura, o que o faz ter mais vontade de esmiuçar o argumento proposto pelo bufão.
E é provocativo o argumento, realmente. Dramaturgico, diria, mas coerente. Acho que por isso prossigo aqui na posição dos inquisidores-hesitantes.
Ao menos por hora. Ou até o primeiro disparate de um eventual tolo.
tricky.
Fazia tempo q n lia nada q me fizesse sorrir por me identificar, por me sentir tola, mas uma tolice do genero "fazer o que? dadas as opções, não há escolha acertada". Mas tb, fazia tempo q n passava por cá =)
Tricky mesmo. Gostei.
Abraços d´ASSIMETRIA DO PERFEITO
aniquilando o budismo...
extremos.
Perfeita argumentação.
Gostei demais.
Um dia eu aprendo.
beijão ;;
=]
Vergonhosa brincadeirinha boa de se ler. Obrigado pela felicidade da leitura irmão.
Abraço.
Gostei da idéia de prencher esaços, frestas entre as palavras num tipo de gesto-solidão.
Neste caso, depois de ler os tipos, mas já antes disso sempre pensei: a vida não tem cura.
Beleza de post.
Ah, abri o CD-lado b. Logo venho nas duas versões. Beijo bjo
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