Nessa semana, acabei de ler "A estrutura da lírica moderna" (Friedrich) e não posso me esquivar da grande influência que este livro e os poemas por ele indicados me causaram. Mesmo que anacrônica e, obviamente ultrapassada, a proposta do simbolismo (europeu, principalmente) é vasta e desafiadora. Como resistir à tentação de levar a linguagem à última rocha do penhasco? Como saber equilibrar o corpo do verso neste espaço ínfimo da vertigem? Como disse a uma professora, "ando com a pulga de que o concretismo é uma espécie de simbolismo às últimas conseqüências". Pode ter sido, mas é preciso fazer de novo. E de novo. E de novo. Como o limite se expande, sobre lírica delongando o mundo, encontrar a região limítrofe é sempre uma empreitada válida. Seguem alguns versos de experimento, lembrando que o blog não me deixa reproduzir as ondulações que prentendo na margem esquerda dos versos. Agradeço também imensamente as visitas recentes e os comentários. Tudo muito bem-vindo.
A morte dentro do lago
um barco letárgico flutua no lago da noite
nele foi plantado
um corpo
tudo indica ter sido suicídio não assassinato
o número exagerado das pequenas tábuas suspensas
a indiferença costumeira dos peixes e dos insetos
o pó superficial que deita a casa de máquinas
o verde conspurcado e lento o mexerico das algas
nada é indício
o vento amarelado traz sensações de incômodo
quando dobra
há um movimento suspeito no corpo
do barco
Nov 25, 2007
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
2 comments:
esse blog tá puro édipo. gutinho, me confundes assim - teu nome ali, o de tua mãe perto. mas, enfim...
vim para renovar os laços blogueiros e litereiros (na tua ponta, literários). saudade das sensibilidades, e das cruezas muito.hehehe
bjos
Ao falar em barco e simbolismo é quase impossível não se lembrar de "O Barco Bêbado".
Belo poema este seu, para sentir, para perceber... ;)
Ique
Post a Comment